Um
aluno do Centro de Ensino Médio (CEM) 9 de Ceilândia “presentou” uma
professora negra, no Dia da Mulher, com uma esponja de aço. Sob risos
dos colegas, ele entregou a sacola enquanto era filmado pelos estudantes
de uma turma do terceiro ano. Outros alunos da escola relataram que a
entrega da esponja para lavar louças era uma atitude conscientemente
machista e racista contra a mulher negra.
No
vídeo, a professora de português aparece constrangida. “Vou aceitar,
porque tudo o que vem, volta”, disse ela. “Algumas pessoas viram ela
chorando depois”, conta um estudante do CEM.
Segundo
ele, o aluno que entregou a esponja chegou a brigar com outras pessoas
que criticaram a atitude. “Ele começou a quebrar o pau, xingou todo
mundo e chamou de ‘beta’ nojento”, relatou.
O
termo “beta” é muito utilizado dentro de um universo de misoginia.
Homens como Thiago Schutz, que viralizou com cortes de podcasts fazendo
afirmações machistas sob a ótica de uma superioridade masculina, usam
essas expressões. O “beta” seria o homem submisso à mulher.
“Alunas
mulheres e negras ficaram muito ofendidas com aquilo. Quando eu e minha
namorada soubemos, denunciamos para a direção”, disse o garoto que
testemunhou a repercussão na escola. Em um áudio enviado a grupos de
WhatsApp, o aluno que deu a esponja de aço para a professora chegou a
ameaçar repetir a atitude com outras meninas.
“Não me testa, que eu vou te dar um ‘bombril’. Não me testa. Se você apelar, vai ficar ruim para ‘tu’.”
O
caso ter ocorrido no Dia Internacional da Mulher chocou ainda mais a
comunidade escolar. Em nota, a Secretaria de Educação disse que a
direção da escola tem autonomia para conduzir o caso. A pasta informou
ter recebido a denúncia nesta segunda-feira (13/3) e que vai se reunir
com o estudante e com a professora “para demais esclarecimentos”.
“A
pasta ressalta, ainda, que repudia qualquer tipo de preconceito e
reforça o compromisso e empenho na busca por elementos que permitam o
esclarecimento dos fatos, bem como o suporte aos envolvidos”.
Fonte: Metrópoles