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Briga por guarda de crianças: ex-genro é preso por ordenar morte de servidora pública no Eusébio

Três policiais militares, que já estavam presos por assassinato de empresário em Fortaleza, também tiveram mandados de prisão preventiva cumpridos pelo crime 

 

Foto da servidora pública do Eusébio, Maria Madalena Marques Matsunobu. Ela usa um vestido verde e está sentada em uma poltrona branca
Legenda: A servidora pública do Eusébio, Maria Madalena Marques Matsunobu, de 64 anos, foi assassinada dentro de casa, no dia 5 de abril deste ano - Foto: Reprodução/ Acervo pessoal.

 

O engenheiro eletricista Marcos Ozébio Pires, de 40 anos, foi preso em Fortaleza, na última segunda-feira (9), por suspeita de ordenar o assassinato da ex-sogra, a servidora pública do Eusébio, Maria Madalena Marques Matsunobu, 64, no dia 5 de abril deste ano. Três policiais militares também tiveram mandados de prisão preventiva cumpridos, por executarem o crime.

A reportagem apurou que o crime pode ter sido motivado por uma briga pela guarda de dois filhos que Marcos Ozébio teve com a filha de Maria Madalena, que morreu de câncer em 2018. O engenheiro ameaçava a ex-sogra, que conseguiu uma medida protetiva contra ele, no ano passado.

Marcos Ozébio foi capturado por policiais civis da Delegacia Metropolitana do Eusébio, no bairro Couto Fernandes, em Fortaleza, na noite da última segunda (9), por força de um mandado de prisão preventiva expedido pela Vara Única Criminal de Eusébio, da Justiça Estadual.

Os três PMs presos pelo crime são o cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Rodrigo Aguiar Braga e os soldados Rebeca Júlia de Almeida Canuto e Wellington Xavier de Farias. Eles já estavam detidos desde o dia 9 de maio deste ano, por suspeita de também matarem o empresário Vinícius Cunha Batista, 47, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza.

Os dois homicídios tiveram apenas 25 dias de diferença: a servidora pública foi morta no dia 5 de abril deste ano, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e o empresário, no dia 30 de abril, na Capital.

As defesas dos suspeitos não foram localizadas pela reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações e a matéria será atualizada, se houver contato das defesas.

Briga pela guarda e ameaças

A reportagem apurou que Maria Madalena Marques Matsunobu e Marcos Ozébio Pires brigavam pela guarda dos dois filhos do engenheiro com a filha da servidora pública, desde o ano de 2018, quando a mãe das crianças morreu de câncer. As crianças hoje têm 9 e 10 anos.

No início, a Justiça decidiu que a guarda deveria ser compartilhada. A avó materna tinha direito de ficar com os dois netos em finais de semana alternados e datas comemorativas alternadas. Entretanto, Marcos descumpria as medidas, algumas vezes, e ainda ameaçava a ex-sogra e outros familiares da ex-companheira.

No ano passado, a Justiça decidiu a guarda permanente das crianças para Maria Madalena, após o pai ser processado por uma suspeita de maus-tratos contra os dois filhos. O pai tinha direito a ficar com as crianças nos finais de semana. 

Porém, após um fim de semana, ele não devolveu os filhos à avó materna, em julho de 2024. A família materna das crianças perdeu o contato e ficou sem notícias dos meninos.

Como Maria Madalena foi morta?

A idosa de 64 anos teve a casa invadida e foi assassinada a tiros, enquanto dormia, na madrugada de 5 de abril último, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza.

Maria Madalena Marques Matsunobu era funcionária da Secretaria da Cultura do Eusébio e presidente da Associação de Artesãos do Eusébio (Aarte). Ela morava sozinha, na Rua das Rosas, bairro Urucunema.

A reportagem apurou que a ação criminosa foi silenciosa: o criminoso arrombou a porta da casa, foi até o quarto da idosa e efetuou os disparos para matá-la. Depois, ele fugiu.

Na manhã seguinte, familiares e amigos estranharam a falta de comunicação de Maria Madalena e foram até a residência. O portão estava aberto, com sinais de arrombamento, e a mulher já estava morta, na cama onde dormia.

Como Vinícius Batista foi assassinado?

Dono de uma rádio no Interior, o empresário Vinícius Cunha Batista saía de uma padaria quando foi baleado por criminosos, na manhã do dia 30 de abril deste ano. O crime aconteceu na Rua Professor Juca Fontenelle, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza. No local, foram encontradas munições calibre 380.

No dia 9 de maio, o governador Elmano de Freitas anunciou que três policiais militares foram presos por suspeita de participarem do crime. "Ao mesmo tempo em que lamento que agentes públicos se envolvam em práticas criminosas, enalteço o trabalho da nossa polícia séria e comprometida, a imensa maioria, para combater a bandidagem", disse o governador.

Ainda em mensagem, Elmano falou sobre punir quem for necessário em prol da segurança do Estado. "Não deixaremos crimes impunes e prenderemos quem quer que seja, um a um, para garantir mais segurança e justiça para nossa população".

Os PMs presos pelo homicídio foram os soldados Rebeca Júlia de Almeida Canuto e Wellington Xavier de Farias e o cabo Rodrigo Aguiar Braga.

O soldado Wellington Farias responde criminalmente por um duplo homicídio e tortura, com desaparecimento de vítima, enquanto o cabo Rodrigo Aguiar tem antecedentes criminais por tentativa de homicídio e participação no motim de PMs, no ano de 2020.

A defesa dos agentes, representada pelo advogado Kaio Castro, disse à época da prisão que aguardava "a liberação do acesso ao incidente processual cautelar, bem como ao inquérito policial, para exercer o contraditório e a ampla defesa. Manifestar-se-á em momento oportuno, quando for retirado o sigilo".

 

 

*Diário do Nordeste