SÃO PAULO — A petista Dilma Rousseff será a única dos principais
candidatos a presidente a comparecer à inauguração do Templo de Salomão,
da Igreja Universal do Reino de Deus, na próxima quinta-feira, em São
Paulo. A presença na cerimônia é um segundo passo da presidente na
tentativa de se aproximar do eleitor evangélico. Nesta semana, a cúpula
da sua campanha já havia anunciado a criação de um comitê para dialogar
com pastores.
Quarta maior denominação evangélica do país, a
Universal tem 1,9 milhão de seguidores, segundo o Censo do IBGE de 2010.
O PRB, partido da coligação da petista, tem vínculos com a igreja.
Erguido em quatro anos, com custo divulgado de R$ 680 milhões, o templo,
de 100 mil metros quadrados (o novo Maracanã tem 124 mil metros
quadrados) e capacidade para receber 10 mil pessoas, simboliza o poderio
econômico da instituição fundada no final da década de 70.
PEDRAS TRAZIDAS DE ISRAEL
De
acordo com a direção da Universal, a obra foi bancada exclusivamente
com doações de fieis e integrantes da própria igreja, sem necessidade de
recorrer a financiamentos bancários. O bispo Edir Macedo, fundador da
Universal, quis erguer uma réplica do templo que, segundo a Bíblia, foi
construído em Jerusalém, no século XI AC. O Muro das Lamentações, em
Israel, é um resquício do segundo templo, erguido no século VI AC.
O
objetivo do líder da igreja, com a obra, é trazer um “pedaço da Terra
Santa para o Brasil”. Por isso, foram importadas pedras de Israel para
revestir o templo. Do lado de fora, há oliveiras trazidas do Uruguai.
—
Já que ele (Edir Macedo) não poderia levar todas as pessoas para
Israel, ele gostaria de trazer um pedaço de Israel para cá. As pedras
são o mais próximo que a gente tem do templo original, já que vieram de
Hebron (Israel), de onde saíram as pedras do primeiro templo — afirmou
Rogério Araújo, arquiteto responsável pela obra.
O desenho da obra não teve espaço para inovações, de acordo com a Universal.
— O projeto foi feito com base nas passagens bíblicas e nas ruínas existentes em Jerusalém — acrescentou o arquiteto.
O
terreno, localizado no bairro do Brás, na região central de São Paulo,
tem 35 mil metros quadrados. Para erguer o templo foram derrubadas
dezenas de construções antigas. O local terá estacionamento para 2 mil
veículos. Apesar da grandiosidade, a Universal não pagará IPTU, porque
igrejas possuem isenção tributária.
— O templo é um símbolo que
está na Bíblia e foi construído seguindo a vontade de Deus — afirmou o
pastor Miguel Lacerda, quando questionado sobre a necessidade de um
espaço suntuoso.
A Universal pretende guardar mistério sobre os
detalhes do templo. No dia inauguração, jornalistas serão obrigados a
acompanhar a cerimônia por um telão do lado de fora. Os convidados,
inclusive as autoridades, estão sendo orientados a não fazerem fotos
internas. Há também regras para o vestuário.
Não são permitidos bonés,
camisetas sem manga, bermuda, decote, minissaia e chinelo.
— Será um local exclusivo de contato com Deus — completou o pastor.
CARÁTER ECUMÊNICO
Também
não foram revelados detalhes sobre o esquema de arrecadação de dízimo
no templo. A assessoria da igreja não confirmou nem negou a existência
de uma esteira mecânica para transportar o dinheiro arrecado para um
cofre. Disse apenas que o templo é “um local de adoração e sacrifício a
Deus”.
A cúpula da igreja garante que, apesar do dourado presente
no teto e no altar, não há ouro. Inicialmente, as visitas se darão
apenas por caravanas organizadas pelos templos da Universal espalhados
pelo país. Não foi definida ainda a programação de cultos.
A
Universal propaga a ideia de que o templo seja um local com caráter
ecumênico, aberto a seguidores de outras religiões, como catolicismo e
judaísmo. Na área externa, haverá um museu com a história dos templos
originais e das 12 tribos de Israel.
Além de Dilma, foram convidados os 27 governadores e os prefeitos de todas as capitais.
Fonte: O Globo