Um novo terremoto de magnitude 6,7 atingiu o Nepal na manha deste
domingo (26), divulgou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na
sigla em inglês), provocando avalanches no Himalaia. O tremor, com
epicentro a leste de Katmandu, e mais perto da fronteira com a China que
o anterior, foi registrado a 10 km da superfície. A réplica também foi
sentida em Nova Déli (Índia).
Pessoas correram desesperadas
pelas ruas em direção a espaços abertos. Gritos e o som de uma avalanche
puderam ser ouvidos enquanto um montanhista indiano era entrevistado
por telefone perto do Everest pela agência de notícias Reuters.
A
região do vale do Katmandu, mais povoada do Nepal, ainda se recuperava
do tremor de magnitude 7,8 que deixou mais de 2.430 mortos no país e
cerca de 4.700 feridos, segundo o governo nepalês.
Considerando as
vítimas em todos os países atingidos pelo incidente o número supera
2.500. Ao menos 51 pessoas morreram na Índia e outras 22 morreram no monte Everest,
que fica na divisa entre o Nepal e a China. Há cerca de 217
desaparecidos no local que é bastante frequentado por montanhistas.
A destruição e o número de mortes faz deste terremoto o mais mortífero
no país em 81 anos. A estimativa é de que o número de vítimas seja ainda
maior, devido à devastação na região da capital, Katmandu. O forte
tremor destruiu milhares de casas e prédios históricos, e desde a manhã
de sábado, quando aconteceu o tremor principal, o país já sofreu pelo
menos 35 réplicas de entre 4 e 6,7 graus.
As buscas por
sobreviventes entre os escombros continuam pelo país, mas, segundo as
agências de notícias, têm sido dificultada pela falta de infraestrutura.
Algumas imagens da tragédias mostram, inclusive, civis escavando com as
próprias mãos.
As ruas de Katmandu amanheceram neste domingo
cheias de pessoas que passaram a noite em claro enquanto se repetiam as
réplicas do forte tremor que abalou o país ontem. "Há relatos de danos
generalizados. A devastação não está confinada a algumas áreas do Nepal.
Quase todo o país foi atingido", disse Krishna Prasad Dhakal,
vice-chefe da missão na embaixada do Nepal, em Nova Déli.
Segundo a ONG Oxfam, que tem fornecido água potável e artigos de
primeira necessidades às vítimas, as comunicações, a eletricidade e a
água corrente nas regiões atingidas pelo tremor foram cortadas. Os
hospitais também estão encontrando dificuldades para atender a todos os
feridos. Medicamentos e suprimentos também estão se esgotando.
O ministro da Informação, Minendra Rijal, disse à televisão indiana que
"foi lançada um grande plano de ação de resgate e reabilitação e há
muito a ser feito". "Nosso país está num momento de crise e precisará de
apoio e ajuda imensos", completou ele.
O governo nepalês
pediu à população para se manter alerta perante a possibilidade de que
os novos tremores terminem de derrubar edifícios afetados e em situação
de fragilidade desde ontem ou aconteçam quedas de postes e muros.
Estima-se que 4,6 milhões de pessoas na região foram expostas aos
tremores, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a
Coordenação de Assuntos Humanitários. Apenas no Nepal, 30 dos 75
distritos - 40% do território nepalês - foram afetados pelo terremoto.
Somente a cidade de Katmandu tem população de 1 milhão de pessoas, e o
Vale de Katmandu, 2,5 milhões, muitas vivendo em condições de pobreza.
Vários edifícios desabaram no centro da capital nepalesa, incluindo templos seculares.
Um importante marco histórico na cidade, a torre de Dharahara,
declarada patrimônio da Unesco, ficou quase toda destruída.O centro
antigo de Katmandu é formado por um emaranhado de edifícios próximos uns
dos outros, ruas estreitas e casas mal construídas, com grandes
famílias morando nelas.
Em nota, o Itamaraty declarou que a embaixada do Brasil
em Katmandu está "mobilizada para prestar o apoio necessário aos
cidadãos brasileiros que se encontram no país" e que "os brasileiros já
localizados pela embaixada não sofreram ferimentos e estão recebendo
toda a assistência cabível". Não há informação sobre a presença de
brasileiros entre as vítimas fatais.
Pior abalo sísmico desde 1934
De acordo com o jornal francês "Le Monde", o abalo sísmico deste sábado
é o mais forte registrado no Nepal desde 1934, ano em que um terremoto
de magnitude 8 provocou entre 10 mil e 20 mil mortes.
O jornal
também afirma que 18 pessoas morreram hoje em decorrência de avalanches
no monte Everest, provocadas por tremores relacionados ao terremoto. A
região é bastante procurada por alpinistas nesta época do ano.
Autoridades do Nepal informaram que um deslizamento de neve encobriu
parte de um acampamento de base. Segundo o Ministério do Turismo, foram
confirmados ao menos 18 mortos, "estrangeiros e sherpas [guias]", cujas
identidades ainda não foram divulgadas. Estima-se que cerca de mil
pessoas, entre as quais 400 alpinistas estrangeiros, estivessem no
entorno do campo base no momento da avalanche.
Um montanhista brasileiro, o cearense Rosier Alexandre, faz parte de uma expedição ao Everest que foi afetada.
O acampamento onde ele estava foi destruído pela avalanche, mas Rosier
está bem, de acordo com informações de sua mulher, Danúbia Saraiva.
Países vizinhos atingidos
Países vizinhos, como Índia, Paquistão e Bangladesh, também foram
afetados. No Paquistão, Mohammad Shahab, morador de Lahore, contou a
jornalistas que estava em seu escritório quando o terremoto abalou a
cidade, próxima da fronteira com a Índia. Ele disse que os tremores
continuaram por um tempo, e que depois a situação se normalizou.
Na Índia, o tremor foi sentido em Nova Déli, Lucknow e Patna. O governo
indiano confirmou pelo menos 51 mortos no país. (Com agências
internacionais)
Fonte: Uol Notícias