Juazeiro do Norte. Um misterioso depósito encontrado
durante escavações para realização de drenagem na Rua Padre Cícero, ao
lado da Praça Padre Cícero, tem chamado atenção dos moradores locais,
desde o último final de semana, quando a estrutura foi encontrada. Por
isso, amanhã (20), às 9h, uma equipe de arqueólogos irá ao local fazer
avaliações na área com a finalidade de identificar algo relevante à
história do Município.
A titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), Gizele
Menezes, disse que, nesta terça-feira (18), uma equipe da Prefeitura
Municipal irá fazer abertura maior no local para dar acesso ao trabalho
dos arqueólogos amanhã. “Os técnicos da Pasta estão tendo todo o cuidado
necessários de manter a área isolada para que maiores avaliações sejam
feitas, no intuito de verificar a relevância do local”, afirmou em nota.
Teorias
O baú encontrado vem sendo motivo de bastante especulação e já
surgiram várias teorias. Alguns acreditam que seja uma fossa séptica de
algum prédio ou depósito de gasolina do posto de combustível que existia
ali próximo. Outras pessoas levantaram a possibilidade de ser um
depósito de armas da “Revolução de 1914”, assim como foi encontrado
durante a reforma do Museu do Padre Cícero, na Rua São José, no prédio
vizinho, onde morava o Coronel Pedro Silvino.
“Em 1914 ficaram muitos armamentos, mas como esse depósito encontrado
foi feito no meio da rua, fica esquisito”, afirma o pesquisador Daniel
Walker, que escreveu um livro contando a história da Praça Padre Cícero.
Pelas fotografias, o depósito parece ter pouca profundidade e extensão,
construído em alvenaria e coberta por uma tampa de madeira. “Não há
indícios de manchas, fuligem ou corrosão nas paredes nem no fundo. Não
exala nenhum odor fétido de matéria orgânica nem tampouco de
combustível”, completa Daniel, descartando que pode ser uma fossa
séptica ou local para armazenar combustível.
Outros achados
Em 1959, quando a Praça da Sé, em Crato, foi reformada, os operários
da rede hidráulica encontraram duas urnas. Uma delas, contendo ossos
humanos e um prato cerâmico. No mesmo ano, na construção da Faculdade de
Filosofia – atual campus da Universidade Regional do Cariri (URCA) no
bairro Pimenta – foram encontradas cinco urnas. Duas delas, foram
destruídas pelos construtores. As demais, continham utensílios líticos e
cerâmicos, um crânio e um dente.
Não se sabe o paradeiro dos ossos humanos encontrados nas
descobertas. Parte desse acervo lítico e cerâmico encontra-se na guarda
do Museu Histórico do Crato. Estes achados foram associados, na época,
aos indígenas submetidos a aldeamento na antiga Missão do Miranda – que
deu origem ao Município -, pertencentes às tribos Kariri.
Durante os estudos arqueológicos para a obra do Cinturão das Águas do
Ceará (CAC), também foram encontradas no Crato algumas peças em
cerâmica e lâminas de pedra que podem ter sido usadas na confecção de
machadinhas. Já na construção de um loteamento, de frente ao antigo
engenho Lagoa Encantada, na Vila São Bento, neste mesmo Município,
vários resquícios indígenas do período colonial e pós-colonial foram
descobertos, sem ser aproveitados.
Fonte: Diário do Nordeste