Nacionalmente, a cidade está em 17º lugar entre aquelas que concentram maior número de vítimas libertadas, com 162 casos nos últimos 15 anos.
Nos últimos 15 anos, 162 pessoas resgatadas em regime de trabalho
análogo à escravidão no Brasil eram de Granja, no Ceará, a 329 km da
Capital. O município é, dentre todos os cearenses, o que mais tem
cidadãos explorados nesse tipo ilegal de trabalho, conforme dados
colhidos no Observatório Digital do Trabalho Escravo, do Ministério
Público do Trabalho (MPT).
Nacionalmente, a cidade está em 17º lugar entre aquelas que concentram maior número de vítimas libertadas. Desde 2003 até julho deste ano, 44.229 pessoas foram resgatadas no Brasil. Do total, 35.969 declaram a cidade onde nasceram, sendo 1.207 cearenses, segundo informaram.
O POVO apurou que uma das causas para a situação que Granja se encontra
na chamada "Zona da Carnaúba", que engloba municípios do Ceará e do
Piauí. Segundo relatório do 1º Seminário sobre Combate ao Trabalho
Escravo no Ceará, realizado em 2016 pela Assembleia, a extração da
carnaúba concentrava até 67% dos casos de trabalho escravo no Estado.
O problema com precariedade do trabalho no setor é histórico, aparecendo
em antigos registros da Biblioteca Nacional desde os anos 1950.
Árvore-símbolo do Ceará, a carnaúba possui uma série de utilidades. As
raízes têm uso medicinal, os frutos são rico nutriente para ração animal
e o tronco é madeira de qualidade para construções, entre outros usos.
![]() |
Registro do jornal sindical "A Voz Operária", dos anos 1950, já denunciava precariedade do mercado da Carnaúba (Foto: Biblioteca Nacional) |
No território do Ceará, foram registrados 566 resgates nos últimos 15
anos. Os dados apontam como a prática é capilarizada no Estado. Dos 184
municípios, em 148 há registro de vítimas desse tipo de irregularidade, o
que equivale a 84,4% das cidades cearenses.
Fonte: Carlos Mazza/Igor Cavalcante/O Povo