A família de um detento denunciou, nesta terça-feira (22), que recebeu a
notícia da morte do parente seis dias depois do falecimento em uma
penitenciária, na Grande Fortaleza.
De acordo com a mulher dele, Ana Cristina Ribeiro, o marido Osmar Bezerra da
Silva retornava do trabalho para casa quando foi abordado por uma equipe da
Polícia Militar. Ana afirmou que o marido já tinha sido preso anteriormente
por participar de um assalto. Ela diz que os agentes viram que ele tinha
antecedentes criminais e o prenderam. Osmar Bezerra respondia um processo de
2006 por assalto.
“Ele fez esse assalto e ficou quatro anos e meio preso e depois disso quando
ele saiu lá dentro mesmo ele começou a estudar a bíblia. Então, ele não mais
se meteu em coisa errada. Durante esses anos todos ele virou um cidadão,
trabalhador, pai de família, eu estou com ele há quatro anos e ele era do
trabalho para casa”, afirmou.
A dona de casa explicou que após a abordagem os policiais o levaram para a
delegacia do Bairro Antônio Bezerra. Em seguida para a Delegacia de Capturas e
por fim para o presídio. “Inclusive ele vinha do trabalho para casa quando foi
abordado por uma equipe [policial] e levaram ele preso. Ele foi para o Antônio
Bezerra. De lá foi para capturas e depois para o presídio”, disse.
Ana Cristina afirmou ainda que após o marido passar por isolamento de 14 dias,
por conta da pandemia, a família quis saber como estava a sua situação. Foi
então que o advogado da família descobriu que o detento tinha morrido.
“Quando foi sexta-feira agora o advogado entrou em contato comigo e falou que
achou algo estranho dizendo que foi olhar o nome do Osmar no sistema e não
achou. E disse que ia lá. Entrou no sistema e viu que ele tinha falecido
dentro da unidade prisional. Disseram que ele tinha passado mal e morreu. Não
deram mais informação de nada”, reclama.
A dona de casa disse que os detentos disseram para o advogado que o Osmar
Bezerra tinha se sentindo mal. “Um preso confirmou que ele tinha passado mal e
que os outros presos bateram nas grades e chamaram os agentes. E quando eles
chegaram lá disseram que meu marido estava se fazendo. Aí disseram que ele foi
para enfermaria, mas é mentira, pois meu marido nem chegou a ir para
enfermaria. Meu marido morreu de que? Eu não sei”, desabafou.
A Secretaria da Administração Penitenciária informou através de nota que na
noite do último dia 12 de junho o interno Osmar Bezerra da Silva sentiu
indisposição e mal estar.
De acordo com a pasta, de imediato, os policiais penais plantonistas do Centro
de Triagem e Observação Criminológica (CTOC) o conduziram até o posto de
enfermagem da unidade prisional, aonde foi prontamente atendido pelos
profissionais de saúde que faziam plantão naquele horário. Enquanto aguardavam
a chegada da ambulância do Samu, as enfermeiras iniciaram as técnicas de
primeiros socorros para reestabelecer o quadro do interno.
A SAP informou que a ambulância chegou após 25 minutos e os médicos detectaram
a morte do interno com comunicação imediata ao Ciops para a devida remoção do
corpo para exames e laudos definitivos da Pefoce.
Esclarecimento
A SAP ainda esclareceu que tentou o contato reiteradas vezes no telefone
fornecido pelo interno no dia de sua entrada no sistema, mas as ligações não
foram atendidas nem retornadas. A unidade prisional fez então, segundo a SAP,
a atualização imediata sobre o óbito do interno nos autos do processo a qual
ele responde junto ao Poder Judiciário.
Fonte: G1 Ceará