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Seis cidades, incluindo Ipu, e 74 mil retirantes: o que foram os campos de concentração no Ceará

 Em Senador Pompeu, as ruínas do Campo do Patu ainda existem e aguardam tombamento pela Secretaria de Cultura do Ceará(foto: Aurélio Alves/ O POVO)

 

Ligados quase que automaticamente à Alemanha nazista, os campos de concentração também existiram no Ceará. O objetivo não era o extermínio, mas evitar a presença de uma grande quantidade de "flagelados" nas ruas de Fortaleza. Estrategicamente distribuídos nas rotas de migração dos retirantes da Seca de 1932, os "currais do governo" estiveram presentes em seis municípios do Estado: Ipu, Quixeramobim, Senador Pompeu, Cariús, Crato e Fortaleza (que teve dois campos naquele ano). Os locais chegaram a concentrar quase 74 mil pessoas.

"Os sertanejos foram impedidos de trafegar do Interior para a Capital. Nos campos, com exceção dos de Fortaleza que eram uma vitrine, você tinha um abandono total. As pessoas não podiam sair e sofriam maus-tratos", explica Aterlane Martins, historiador e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

O historiador aponta que os maus-tratos existiram tanto em castigos físicos, quanto no fato de o governo não cumprir o que havia sido prometido às famílias. "No lugar de uma mínima manutenção de condições de vida havia alimentação ruim e falta de estrutura para estadia. Não era uma condição boa", completa.

 "Com pouco mais de um mês de funcionamento, os Campos de Concentração apresentavam uma inesperada quantidade de sertanejos. Conforme as estatísticas oficiais, os dados eram os seguintes: 6.507 em Ipu, 1.800 em Fortaleza, 4.542 em Quixeramobim, 16.221 em Senador Pompeu, 28.648 em Cariús e 16.200 em Buriti, perfazendo um total de 73.918 flagelados" (O Povo, 30/06/1932)

Dos sete locais, o Campo do Patu, em Senador Pompeu, é o único cujas marcas permanecem visíveis nas cercas de 15 edificações do século passado que compõem a chamada Vila dos Ingleses. 

 

 

Fonte: O Povo