Minutos
antes de morrer na queda do helicóptero do Corpo de Bombeiros em Ouro
Preto, a 96 km de Belo Horizonte, o médico Marcos Rodrigo Trindade,
então com 36 anos, ligou para a esposa. A mulher estava em casa com as
filhas. A conversa entre eles demonstra o clima entre a tripulação e os
fatos que antecederam a tragédia, que matou seis pessoas.
“Ele
me ligou por volta das 17h20 falando que não daria para voar por causa
do mau tempo. Ele disse que um carro iria voltar de BH para buscá-los e
falou que chegaria tarde em casa. Depois disso, ele falou: Nossa,
espera. Está acontecendo alguma coisa ali. Depois eu te ligo’”, relatou
Bruna Menezes, casada há seis anos com o médico.
A
mulher conta que o marido colocou o celular no bolso, mas não encerrou a
chamada. Neste momento, ela o ouviu dizer em tom de brincadeira: “temos
que dormir em casa”. Em seguida, Bruna ouviu o barulho da hélice
aumentar. “Nesse momento, ele disse: ‘você vai tentar?”. Na hora eu não
sabia o que era o tentar”, completou a esposa sobre a última vez em que
ela ouviu a voz do marido.
Sem
conseguir contato com o marido durante a noite, Bruna acionou a central
de operação do Corpo de Bombeiros por volta da meia noite. “Minhas
filhas estavam o esperando para dormir. Então, comecei a ficar
preocupada”, contou. “Me disseram que perderam o sinal da aeronave 13
minutos depois de quando eu conversei com ele. A informação que me
passaram foi que o piloto havia dito que o tempo havia estabilizado e
iriam tentar voltar”, conta
A
aeronave foi encontrada na manhã seguinte, no alto de uma serra em Ouro
Preto. A suspeita é que a aeronave tenha explodido após se chocar
contra o monte. Todos os seis ocupantes morreram.
Mais
conhecido como Rodrigo Trindade, o médico fazia parte da equipe do Samu
(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Segundo Bruna, o marido
amava o trabalho e, inclusive, havia deixado a equipe de resgate por um
tempo, mas decidiu voltar para o ofício. Trindade deixa a esposa e duas
filhas, de 3 e 6 anos.
(R7)