Reza a lenda que Iracema, a índia dos lábios de mel, que costumava se banhar na Bica de Ipu-Ceará, temendo a invasão do homem asselvajado, pediu aos Deuses da Floresta que conservassem uma semente do seu corpo para proteger a natureza dos males causados pelos invasores.
Os índios sempre se utilizaram da natureza por meio da pesca, da caça, das plantas medicinais e demais meios necessários para garantir a sobrevivência nas tribos. Pois, desde a infância, eram ensinados de que o princípio mais importante é a convivência harmônica com a natureza. Durante séculos, enquanto a tribo dos Tabajaras habitou nosso território, houve esse convívio harmonioso.
Os povos indígenas jamais se serviram da Floresta de forma meramente predatória e para usufruto unicamente econômicos e pessoais. A natureza para eles é um bem comum e sagrado do qual o homem deve se utilizar com muita reverência. Porém, com a invasão do homem, a natureza passou a correr um risco constante. Percebendo que a preocupação de Iracema era justa, os Deuses atenderam seu pedido. Pois sabiam do amor que ela tinha pela natureza, em especial pela imensa queda D’água em que a índia costumava se banhar.
As Divindades sabiam que, em algum momento, a natureza e o próprio homem iriam suplicar por ajuda devido à devastação desenfreada ocasionada por pessoas gananciosas e inescrupulosas que iriam tentar dominar as pessoas e se apossar dos recursos naturais em benefício próprio. Mas o ressurgimento de um (a) indígena só seria permitido pelos Deuses da Floresta caso a devastação natural colocasse em risco, também, o Rio Ipuçaba, que dava origem à Cachoeira Sagrada da Floresta, fonte de beleza e sobrevivência para homens e animais.
As forças da natureza não estavam enganadas. Entre os anos de 2009 e 2023 os Deuses da Floresta identificaram os principais sinais de que a fauna e a flora precisavam de ajuda. Diante da matança de animais, da poluição do Rio Ipuçaba, das queimadas e da cobiça de agentes políticos que idealizaram projetos e obras suntuosas que, simplesmente, só trouxeram prejuízo e estagnação para o turismo local, além de visar a especulação imobiliária e interesses de uma Oligarquia que deseja manter seus
privilégios.
Portanto, em meio a esses sinais e, após séculos de inércia da semente do corpo de Iracema, os céus e a terra, que absorvem toda a energia da natureza, obedecem às ordens das divindades para fazer brotar daquela semente um(a) indígena que pudesse resgatar o turismo e salvar o que resta da Cachoeira Sagrada (Bica do Ipu).
Então formou-se uma chuva torrencial que fez surgir da semente de Iracema um(a) grande(a) Guerreiro(a) da Floresta com o objetivo de alertar e impor limite à exploração predatória e abandono do parque da Bica ocorrido nos últimos anos em Ipu.Sua principal missão é frear a poluição do Rio Ipuçaba e a deterioração da Bica Sagrada, devolvendo o seu domínio para as mãos dos cidadãos(ãs) que realmente amam a natureza e que não visam apenas a sua exploração econômica.
A Bica é de todos nós! Amar a Bica é não deixar o nosso Turismo morrer de vez. Por isso, seja um(a) Guerreiro(a) e lute pela Bica e a natureza! A semente de Iracema está dentro de cada um de nós!
Autor: RK