Confirmação da morte foi feita por meio de um exame de eletrocardiograma
O Vaticano confirmou, nesta segunda-feira (21), que o Papa Francisco morreu em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) seguido de insuficiência cardíaca irreversível. O pontífice faleceu às 7h35, no horário local de Roma (2h35 em Brasília), após entrar em coma e sofrer um colapso cardiocirculatório, segundo informações oficiais.

De acordo com o boletim médico, o quadro clínico foi agravado por uma série de comorbidades, incluindo pneumonia bilateral, bronquiectasias múltiplas, hipertensão arterial e diabetes tipo 2. A confirmação da morte foi feita por meio de um exame de eletrocardiograma.
O atestado de óbito foi assinado por Andrea Arcangeli, diretor do Departamento de Saúde e Higiene da Cidade do Vaticano.
Francisco, de 88 anos, havia sido internado entre fevereiro e março deste ano para tratar uma pneumonia. Apesar de ter recebido alta após mais de um mês de internação, o papa continuava em acompanhamento médico domiciliar, com estado de saúde considerado delicado.
O falecimento do primeiro pontífice latino-americano e primeiro jesuíta a ocupar o trono de São Pedro marca o fim de um papado de 12 anos, conhecido por sua ênfase na misericórdia, justiça social e proximidade com os mais pobres.
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O impacto global da morte do Papa Francisco
A morte do Papa Francisco não afeta apenas os católicos; sua influência se estendeu a líderes mundiais e movimentos sociais. Ele foi um defensor do diálogo inter-religioso, promovendo a paz entre diferentes crenças e culturas. A abordagem de Francisco ao ecumenismo ajudou a suavizar tensões entre católicos e outras denominações cristãs, bem como com religiões não cristãs.
Francisco também se destacou em questões econômicas, criticando o capitalismo desenfreado e defendendo uma economia mais justa que priorizasse os pobres. As mensagens do Papa sobre pobreza e desigualdade foram especialmente relevantes em um mundo cada vez mais polarizado.
A transição de liderança
Com a morte do Papa Francisco, o mundo agora aguarda ansiosamente o próximo conclave para eleger seu sucessor. A escolha do novo Papa será crucial para determinar a direção futura da Igreja Católica. Os cardeais terão a tarefa difícil de encontrar alguém que possa continuar o legado de Francisco ou talvez retornar a uma abordagem mais conservadora.
Os desafios enfrentados pelo próximo Papa incluem não apenas as questões internas da Igreja, mas também os problemas globais que Francisco abordou durante seu papado. A crise climática continua sendo uma preocupação urgente, assim como as desigualdades sociais exacerbadas pela pandemia de COVID-19.
Problemas de saúde ao longo dos anos
A história de saúde do Papa Francisco é marcada por uma série de desafios que se intensificaram ao longo dos anos, refletindo tanto seu avançado estado de idade quanto as complicações decorrentes de condições médicas anteriores. Nascido em 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio, que se tornaria o Papa Francisco, enfrentou problemas de saúde desde a juventude, quando, aos 21 anos, teve parte do pulmão direito removida devido a uma grave pneumonia e pleurisia. Essa condição inicial estabeleceu um padrão para sua saúde ao longo da vida.
Desde sua eleição como Papa em 2013, Francisco tem enfrentado uma série de problemas de saúde que geraram preocupações tanto entre os fiéis quanto na mídia. Em 2021, ele passou por uma cirurgia significativa para remover 33 centímetros do cólon devido a diverticulite, uma condição inflamatória intestinal que causa dor intensa. Essa operação foi um marco em seu histórico médico e exigiu um período de recuperação que o afastou temporariamente de suas funções papais.
Nos anos seguintes, o Papa continuou a enfrentar dificuldades relacionadas à sua saúde. Em 2022, ele começou a sofrer com dores no joelho e no quadril, o que o levou a utilizar uma cadeira de rodas em público pela primeira vez. Essas limitações físicas não impediram Francisco de se comunicar com seus seguidores; ele frequentemente realizava audiências breves e mantinha contato com líderes mundiais e comunidades necessitadas.
Internações recentes
O ano de 2023 foi particularmente desafiador para o Papa em termos de saúde. Ele foi hospitalizado várias vezes devido a infecções respiratórias e complicações relacionadas. Em março daquele ano, Francisco foi internado com dificuldades respiratórias e diagnosticado com bronquite, recuperando-se rapidamente após tratamento com antibióticos. No entanto, sua saúde continuou a se deteriorar, levando a internações adicionais.
Em fevereiro de 2025, Francisco foi internado novamente no Hospital Gemelli em Roma devido a uma infecção polimicrobiana do trato respiratório. Essa condição foi descrita como um quadro clínico complexo e exigiu modificações em seu tratamento. O Vaticano informou que o Papa permaneceria hospitalizado por tempo indeterminado, gerando preocupação entre os católicos e o público em geral sobre seu estado de saúde.
O legado
Desde sua eleição, o Papa Francisco foi visto como uma figura que buscava reformar a Igreja Católica, trazendo uma nova perspectiva sobre temas que antes eram considerados tabus. Ele enfatizou a importância da misericórdia, da justiça social e do cuidado com o meio ambiente, refletindo em suas encíclicas como Laudato si’, que abordou a crise climática e a responsabilidade humana em cuidar da Terra. A mensagem do pontífice de inclusão e acolhimento ressoou profundamente entre os fiéis e aqueles que se sentiam marginalizados pela Igreja.
Francisco também foi um defensor dos direitos dos imigrantes e refugiados, frequentemente visitando comunidades vulneráveis e falando sobre a necessidade de compaixão e solidariedade. A famosa visita à ilha de Lampedusa, onde muitos imigrantes desembarcam na Europa, simbolizou seu compromisso com os mais necessitados. Ele sempre buscou humanizar a imagem da Igreja, afastando-se de uma postura conservadora que predominou em décadas anteriores.
Desafios enfrentados
Apesar de seu impacto positivo, o Papa Francisco também enfrentou desafios significativos durante seu papado. As crises de abuso sexual dentro da Igreja continuaram a assombrá-lo, e ele foi criticado por alguns por não agir com a rapidez esperada em relação a esses escândalos. No entanto, ele tomou medidas para aumentar a transparência e responsabilizar os culpados, criando comissões e revisando políticas internas.
Além disso, sua tentativa de implementar reformas na Cúria Romana encontrou resistência de setores conservadores da Igreja. Muitos católicos tradicionais viam suas ideias como uma ameaça à doutrina estabelecida. Mesmo assim, Francisco manteve sua visão progressista, buscando um equilíbrio entre tradição e modernidade.
Fonte: GCMais