A nossa coluna especial da copa do mundo do Brasil de 2014, chegou a copa considerada, como a da marmelada. Os fatos retratam essas discussões. Os 6 gols que a Argentina precisava contra o Peru, para superar o Brasil no saldo e disputar a grande final, aconteceram. Coincidência ou façanha dos hermanos?
Kempes brilha e Argentina é coroada em casa
Derrotada na final da primeira Copa do Mundo da FIFA, a Argentina
atingiu o topo 48 anos depois, em casa, conduzida pelo artilheiro Mario
Kempes e pelos fervorosos torcedores que lotaram os estádios de Buenos
Aires e Rosário com uma chuva de papéis azuis e brancos — imagem que se
transformou em símbolo da competição.
Coadjuvante da festa argentina, a Holanda perdeu por 3 a 1 no Monumental
de Nuñez a sua segunda final consecutiva. Depois de um gol de Kempes no
primeiro tempo e do empate com Dirk Nanninga na etapa final, os
holandeses chegaram muito perto do título com uma chance clara de Rob
Rensenbrink nos últimos segundos do tempo regulamentar. Mas o destino
sorriu para a Argentina e Kempes e Daniel Bertoni conheceram a glória ao
marcarem dois gols na prorrogação.
Kempes, único jogador da seleção argentina que atuava no exterior, não
balançou as redes nenhuma vez na primeira fase, mas depois desencantou e
encerrou a competição com seis gols. Ele não foi o único a ter um
começo complicado — o selecionado de Cesar Luis Menotti venceu a
Hungria, mas precisou da sorte para derrotar a França por 2 a 1 e depois
perdeu a primeira colocação do grupo da primeira fase para a Itália no
confronto direto por 1 a 0. Ainda assim, Menotti, que não convocara o
jovem Diego Maradona, então com 17 anos, acabaria sendo recompensado por
pregar um futebol baseado no talento e na ofensividade, estilo
personificado pelo habilidoso meia Osvaldo Ardiles.
Vitória africana e golaço escocês
A fase inicial testemunhou ainda a primeira vitória de uma seleção africana na Copa do Mundo da FIFA, com a estreante Tunísia derrotando o México por 3 a 1. O também debutante Irã, por sua vez, conquistou um ponto contra a Escócia. Únicos representantes britânicos na competição, os escoceses se recuperaram e venceram a Holanda por 3 a 2 na última rodada da primeira fase em Córdoba com um golaço de Archie Gemmill, mas ainda assim deram adeus à competição e viram os holandeses avançarem graças ao saldo de gols.
A fase inicial testemunhou ainda a primeira vitória de uma seleção africana na Copa do Mundo da FIFA, com a estreante Tunísia derrotando o México por 3 a 1. O também debutante Irã, por sua vez, conquistou um ponto contra a Escócia. Únicos representantes britânicos na competição, os escoceses se recuperaram e venceram a Holanda por 3 a 2 na última rodada da primeira fase em Córdoba com um golaço de Archie Gemmill, mas ainda assim deram adeus à competição e viram os holandeses avançarem graças ao saldo de gols.
A competição, tendo como pano de fundo o opressivo regime militar
liderado pelo general Jorge Videla, foi rica em polêmicas. Logo na
primeira fase, os jogadores do Brasil não ficaram nada satisfeitos
quando o árbitro galês Clive Thomas apitou o fim do jogo contra a Suécia
segundos antes de a bola cabeçada por Zico cruzar a linha — com o gol
anulado, a partida terminou em 1 a 1. Fora de campo, o atacante
argentino Leopoldo Luque optou por continuar jogando apesar da morte do
irmão em um acidente de carro. Já o escocês Willie Johnston foi flagrado
no antidoping.
Um dos melhores selecionados a voltarem mais cedo para casa, a França
chamou a atenção não só pela nada familiar camisa em listras verdes e
brancas emprestada pela equipe local do Kimberly para o jogo contra a
Hungria depois de uma confusão com os uniformes. Michel Platini, de 21
anos, deu provas da sua impressionante habilidade ao marcar o seu
primeiro gol na competição contra a Argentina.
Assim como em 1974, os oito países classificados para a segunda fase
foram divididos em dois grupos, e a Holanda conquistou a primeira
colocação do Grupo A, avançando à final. Comandada pelo austríaco Ernst
Happel, ex-campeão europeu com o Feyenoord, a seleção sentiu a ausência
do astro Johan Cruyff, que decidira não disputar a competição, e de Wim
van Hanagem, desfalque de última hora. Mesmo assim, o ataque funcionou e
Rensenbrink só ficou atrás de Kempes na artilharia.
Depois de vencerem a Áustria e empatarem com a então campeã Alemanha
Ocidental, os holandeses derrotaram a Itália na partida decisiva da
segunda fase. Ernie Brandt marcou um gol para a Holanda e fez outro
contra, mas graças ao chute de longa distância de Arie Haan a Laranja
Mecânica avançou à final. No mesmo dia, Hans Krankl levou a Áustria à
primeira vitória em 47 anos sobre a eliminada Alemanha Ocidental.
Brasil superado
A Itália de Enzo Bearzot adquiriu na Argentina uma experiência que viria a ser muito útil quatro anos depois na Espanha. Paolo Rossi, por exemplo, fez três gols que foram um aperitivo do que viria em 1982. Mesmo assim, a Azzurra perdeu a medalha de bronze para o único invicto da competição, o Brasil. A seleção brasileira apresentou ao mundo o atacante Roberto Dinamite e o lateral Nelinho, responsável por chutes inimagináveis cheios de efeito, mas teve de se contentar com a disputa do terceiro lugar após ficar atrás da arquirrival Argentina na segunda fase.
A Itália de Enzo Bearzot adquiriu na Argentina uma experiência que viria a ser muito útil quatro anos depois na Espanha. Paolo Rossi, por exemplo, fez três gols que foram um aperitivo do que viria em 1982. Mesmo assim, a Azzurra perdeu a medalha de bronze para o único invicto da competição, o Brasil. A seleção brasileira apresentou ao mundo o atacante Roberto Dinamite e o lateral Nelinho, responsável por chutes inimagináveis cheios de efeito, mas teve de se contentar com a disputa do terceiro lugar após ficar atrás da arquirrival Argentina na segunda fase.
Depois de um empate tenso, Brasil e Argentina partiram para a rodada
decisiva empatados. Após a vitória brasileira sobre a Polônia por 3 a 1,
os argentinos precisavam de um triunfo por quatro gols de diferença
sobre o Peru no mesmo dia para chegarem à final. Contando com o astro
Teófilo Cubillas, os peruanos haviam batido a Escócia e empatado com a
Holanda na primeira fase, mas já estavam eliminados da competição. A
Argentina se aproveitou e conquistou a vitória pelo incrível placar de 6
a 0, com dois gols de Luque e Kempes, cujo faro de gol havia retornado
depois que a seleção alviceleste passara a jogar em Rosário, sua cidade
natal.
Os acontecimentos daquela noite fizeram com que as partidas decisivas
das fases de grupos das edições posteriores da Copa do Mundo da FIFA
passassem a ser disputadas simultaneamente. A consequência imediata, no
entanto, foi a chegada de Argentina e Holanda à final do dia 25 de junho
de 1978. "Tulipas nos Pampas?", perguntou o jornal francês L'Équipe na
véspera do jogo. Porém, quem riu por último foi a seleção dona da casa.
Enquanto os holandeses deixavam o campo às lágrimas mais uma vez, o
capitão Daniel Passarella se tornava o primeiro jogador argentino a
erguer o troféu mais importante do futebol mundial.
Fatos Rápidos
- Equipes: 16
- Quando: 01 Junho 1978 a 25 Junho 1978
- Final: 25 Junho 1978
- Jogos: 38
- Gols: 102 (média 2.7 por partida)
- Público: 1545791 (média 40678)
Argentina 1978 Campeões
- Campeão: Argentina
- Vice-campeão: Holanda
- Terceiro: Brasil
- Quarto: Itália
- Chuteira de Ouro: Mario KEMPES (ARG)
- Prêmio de Melhor Jogador Jovem: Antonio CABRINI (ITA)
- Prêmio FIFA Fair Play: Argentina
