Polícia busca imagens de câmeras de segurança na investigação do caso.
Corpo de garoto foi achado em geladeira enrolado em sacos e lençol.
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Prédio onde menino foi encontrado morto dentro de uma geladeira, no Centro (Foto: Paula Paiva Paulo/G1 |
O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP)
solicitou imagens do circuito interno do prédio onde fica o apartamento
no qual o corpo de um menino foi encontrado morto dentro de um freezer
nesta sexta-feira (4).
Vizinhos ouvidos pelo G1 afirmam que o padrasto, a mãe e as irmãs da vítima saíram do prédio há dois dias.
O prédio fica na Rua Santo Amaro, na região central de São Paulo.
Segundo o boletim de ocorrência, o menino teria aparentemente cinco
anos e vivia com a mãe, o padastro de 26 anos e duas irmãs.
Os pais e as
meninas não foram encontrados e o DHPP investiga o caso. A Secretaria
da Segurança Pública não divulgou o nome do menino.
A família era dona de uma bomboniere no térreo do edifício e morava no
primeiro andar. Por volta das 18h40 de sexta, vizinhos ligaram para a
polícia para verificar se havia algo estranho no apartamento.
O primo do padrasto do menino contou à polícia ter estranhado o fato de
o vendedor de 26 anos deixar de abrir a bomboniere. Ele foi até o
apartamento e, na porta, sentiu um cheiro muito forte.
O homem chamou o
proprietário do imóvel e lá encontraram, no freezer, o corpo do menino
enrolado em um lençol e em sacos plásticos, segundo o boletim de
ocorrência.
Segundo o primo, o menino era filho da companheira do vendedor. Agentes
da Polícia Técnico-Científica foram acionados para fazer perícia.

Vários cartazes foram colados na porta da bomboniere pedindo justiça (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)
Vizinhos
Os vizinhos da família colaram cartazes neste sábado (5) na porta da bomboniere pedindo justiça. As mensagens desejavam também que o menino "descanse em paz".
Os vizinhos da família colaram cartazes neste sábado (5) na porta da bomboniere pedindo justiça. As mensagens desejavam também que o menino "descanse em paz".
O morador do prédio Marco Amorim contou ter sentido um cheiro forte
vindo do apartamento nos dois últimos dias. "A gente passava e sentia um
cheiro insuportável", disse. Ele contou que, no início da semana, viu o
padrasto do menino esvaziando a geladeira de sorvetes da bomboniere e
levando para dentro do apartamento.
O vizinho afirmou ainda que "cansou de reclamar para a síndica" do
choro das crianças. "Era toda noite", completa sua esposa, Sâmara
Silvestre. O casal contou que o menino já havia ido para o Conselho
Tutelar após denúncias de maus-tratos de uma professora.
Sâmara disse que, nesta sexta-feira, quando o proprietário do apartamento foi tentar entrar, ele não conseguiu. "Trocaram a fechadura."
Renata Daniele Fernandes era colega da família e fornecia doces para a
bomboniere. Ela mora no prédio vizinho, e contou que a mãe falava que o
menino "dava muito trabalho" e ela queria mandá-lo de volta para a
África do Sul, de onde a família era. As duas meninas pequenas nasceram
no Brasil.
O filho de Renata costumava brincar com o menino. Segundo ele, a
criança dizia que o sonho dela era ser jogador de futebol e comprar uma
casa na praia para a mãe. Outro morador do prédio, Jorge Pantoja disse
que a família era querida pelos vizinhos. "Todo mundo adorava o cara.
Ele era muito bacana".

Cartazes foram arrancados, mas logo outros foram colocados junto com flores (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)
Maria Célia Moreira já trabalhou na Escola Estadual Paulo Machado de
Carvalho, onde o menino estudava. Ela relata que, no ano passado, houve
um comunicado ao Conselho Tutelar sobre o menino e ele acabou levado
para um abrigo.
"Eu não sei como que devolveram ele para os pais. Não era para ter sido
devolvido, devolveram uma vez, e aí comunicamos ao abrigo que o menino
estava chorando, queria voltar para o abrigo, e ele voltou para abrigo.
É
a mãe que batia. É um absurdo uma coisa dessa, de a gente ficar
chocado. Nós percebemos que ele estava sendo mal tratado. Era um menino
muito lindo, muito doce".
O Conselho Tutelar afirmou ao G1 que só consegue
informação sobre o caso na terça-feira (8). A Secretaria Municipal de
Direitos Humanos disse que vai apurar se houve atendimento ao menino e o
que aconteceu.
Fonte: G1