Escritor afirma em rede social que a lenda "Iracema" do Romance de José de Alencar, nasceu na cidade de Ibiapina, o nosso arquivo vivo, ícone da cultura ipuense; professor Francisco Melo, combateu duramente o disparate, o que ele classificou de um barbarismo, e desconhecimento da história.
Abaixo acompanhe as declarações do escritor Wilson Ibiapina sobre a origem do mito "Iracema" do Romance do escritor cearense José de Alencar:
Ibiapina em festa, por Wilson Ibiapina Minha prima Ildeci postou
mensagem aqui no Face lembrando os 140 anos de emancipação da nossa
cidade natal. Eu, feito o poeta Filgueiras Lima, mergulhei no rio da
saudade e fui sair na praça da matriz de São Perdoem em frente à casa
onde nasci. Revejo a Ibiapina do meu tempo de criança, bucólica.
Como
diz a Ildeci, uma “cidade que se confunde com a história da nossa
família. Bem antes do monsenhor Melo a igreja católica já exercia forte influência
sobre a população. A história de Ibiapina vem de longe. A região era
ocupada por mais de 70 aldeias de índios tupinambá, tapuia, todos da
raça tupi. O cacique tabajara Jarupariaçu (Diabo Grande), ficava em
Ibiapina e o irmão dele, Irapuã (Mel Redondo) comandava a tribo de
Viçosa. No século XVII os índios já negociavam com os franceses que
ocupavam São Luís do Maranhão.
Os portugueses chegaram em 1603. Os
Tabajara, que significa inimigo, mataram o padre jesuíta, português,
Francisco Pinto em 11 de janeiro de 1608, que teve a cabeça esmagada com
tacape. Os jesuítas fundaram a igreja de São Pedro onde hoje está
erguida a matriz com o mesmo patrono. Até hoje, a rua que fica atrás da
matriz, onde morava meus avós Paulina e Moisés Aarão Ibiapina, é ocupada
por nossos parentes.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, inventada por
José de Alencar nasceu em Ibiapina, onde se criaram os descendentes dos
tabajara, misturados aos portugueses, franceses e até escoceses, como o
avô do meu avô materno Pedro Ferreira, que foi chefe político e
prefeito no tempo de Álvaro Soares. Outros prefeitos que me marcaram
foram José Aragão, pai do Galba, meu pai Chico Pontes, Antônio Melo e
Pedro Aragão. Achei um absurdo demolir a cadeia velha. Hoje podia ser um
museu. Lembro do primeiro gerador de energia da cidade.
O motor ficava
ao lado do prédio da Prefeitura. Era acionado, todo fim de tarde pelo
meu tio Zé Pontes, quando entrava no ar o serviço de alto falante
tocando a Ave Maria. As cornetas de som ficavam na torre da igreja e
dava pra ouvir em Ubajara, cidade vizinha. Aliás, o município de
Ibiapina era maior. Vários de seus distritos como Ubajara e Mocambo se
emanciparam. O rio jaburu e sua cachoeira de água gelada era nossa
diversão.
O curumim era o poço usado pelas mulheres. Hoje, o jaburu me
lembra o poema de Fernando Pessoa: “O Tejo é mais belo que o rio que
corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre
pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha
aldeia.” Ibiapina cresceu, está cheia de bairros novos que não conheço.
140 anos não é nada na vida de uma cidade que segue em busca de seu
imenso destino. Pena que só lembre da cidade que veio embora comigo, que
só existe na minha memória.
Professor Francisco Melo apresentou o contraditório sobre a afirmação do colega escritor. Confira:
"Lamento
um Jornalista de sua Projeção cometer uma barbaridade desas em dizer
que Iracema nasceu em Ibiapina. Será que vc leu direitinho Livro Iracema
de José de Alencar. Ali não não tem nada inventada, é a Pura Literatura
de José de Alencar. Quer Tomar a nossa
IRACEMA, calma Jornalista, Vc pode se dar muito mal com a sua
atitude.Seja verdadeira nas suas matérias, vc que tem uma história no
Jornalismo Brasileiro jamais poderia cometer tamanha aberração Porquê vc
não fala no seu Avô Paterno MOISÉS ARÃO IBIAPINA? Ele IBIAPINA foi
Prefeito de sua cidade. Cuidado quando vc escrever esses barbarismos".
A nossa reportagem entrevistou o ícone da cultura ipuense, que se reportou sobre o assunto e repercutiu a respeito de mais um lançamento literário de sua lavra, que acontecerá em 17 de janeiro de 2019: